Seita do Colhão Rapado

Este espaço deveria ser para uma apresentação do blogue, mas somos muitos, o que complicaria o consenso. Assim, não há apresentação para ninguém.

28.8.05

Amizade

Finalmente o meu fofo explicou-me tudo e aqui estou para escrever o meu primeiro texto.
Esta seita é sem dúvida uma seita muita variada. Aqui há de tudo.
Quero saber a vossa opinião sobre os amigos. O que é que os amigos devem fazer pelos amigos? Será que os amigos se devem defender uns aos outros? Vocês defendem-se uns aos outros? OU simplesmente tem a vossa opinião e ficam sossegados porque sabem que o vosso amigo sabe que vocês estão do lado dele ainda que não tenham mexido um unico dedo sequer (por comodismo).
O que é que torna os amigos diferente dos colegas? O que é que o amigo dá que o colega não dá?
Os amigos não deverão ser os amigos uma segunda familia, isto é, amigo é aquela pessoa de quem gostamos e partilhamos as coisas mais intimas... enfim tudo.Devemos esperar daqui que o nosso amigo tenha as mesmas atitudes que uma familia normal teria... preocupação, carinho, amor, dedicação, etc,etc,etc Ou não devemos esperar nada disso.
Será que noção de amigos de hoje é tão diferente da noção de amigo de há 30 anos atrás?
Estarão as pessoas tão egoistas, comodistas e egocêntricas que acham que os amigos são só aqueles tipos com que nos metemos nos copos?
O que é que qconteceu ao espírito de equipa? O que é que aconteceu aos 3 mosqueteiros? Se calhar o dartacão não devia ter acabado...
Enfim...
Aqui vos deixo com este texto para reflectirem e comentarem. Beijos.

21 Comments:

Blogger José Carlos Gomes said...

As pessoas são fruto da sociedade em que estão inseridas, são moldadas desde pequenas. As menos resistentes acabam por ser fotocópias da sociedade, constituindo a chamada massa. Sendo a nossa sociedade uma organização que estimula a competição e a eliminação dos outros que são vistos como adversários (características típicas da rivalidade), têm pouco peso as marcas da amizade, como sejam a cooperação e a entreajuda.
Os valores dominantes fazem com que seja extremamente duro estar vivo e empurram as pessoas para a solidão. No entanto, os seres humanos são genética e culturalmente propensos para a sociabilidade. Então, arranjam estratagemas de socialização por medo de estar sós.
Isso é notório ao nível das relações amorosas. Não fiz qualquer estudo, mas estou firmemente convencido de que a maior parte dos namoros iniciados é de conveniência. Há duas pessoas que estão sozinhas e que se entendem minimamente, então começam a namorar. No imediato, isso só traz vantagens: tem-se companhia, tem-se carícias eróticas e sexo, mostra-se estar integrado na sociedade que tem horror ao vazio - «mostrar que afinal nós também temos mão na vida, mesmo que seja à custa de a vivermos fingida», canta o Jorge Palma. A médio/longo prazo a situação degrada-se, motivo pelo qual noventa e muitos por cento das relações não são perenes e uma parte substancial das relações que se mantêm assentam na mentira e na traição. Concluo daqui que a maioria das relações amorosas são de circunstância e de conveniência.
Com a amizade o esquema é semelhante, embora menos negro. O princípio é o mesmo: as pessoas têm horror ao vazio e à solidão e procuram outros seres com os quais se identifiquem minimamente para fazer amizades. Como a sociedade não impõe que tenhamos apenas um amigo da mesma forma que impõe a monogamia, o leque de escolha alarga-se, permitindo um critério mais selectivo, porque é possível ir eliminando da lista de amigos algumas pessoas sem que se fique, por assim dizer, descalço.
Ainda assim, a maior parte das amizades faz-se em situações de pressão, de isolamento e de carência. Além de ocorrerem por mera coincidência.
Em crianças, somos amigos de praticamente todos os putos da mesma idade que vivem ou estudam perto de nós. Com o tempo, perdem-se muitas dessas amizades, sobretudo porque começamos a ter novos relacionamentos e podemos, de forma consciente ou inconsciente, deitar ao lixo as amizades anteriores porque temos meios de substituí-las.
A entrada na faculdade é um momento de ruptura por excelência. Chega-se a um sítio onde não se conhece ninguém, o ambiente é hostil e há um medo legítimo de não haver integração e não fazer amigos. Primeira medida: aceita-se ser praxado para conhecer pessoas. Dessa gente, há alguma com a qual a identificação é maior. Faz-se amizade para ter apoio num caminho que vai se comum. Muitas das amizades antigas desaparecem por falta de contacto provocada pela distância, pela ausência de tempo para encontros, por falta de vontade de reencontrar os antigos amigos. A entrada no mundo do trabalho leva a processos idênticos. Logo, a amizade é também uma relação de conveniência, só que, por norma, mais sincera do que os namoros e/ou casamentos, pois é mais fácil trocar de amigos do que de parceiro sexual/sentimental.
Há, no entanto, as amizades que perduram no tempo e que atravessam as várias fases de vida das pessoas, resistindo à entrada e saída de pessoas do conjunto a que cada um chama "os meus amigos". Voltando ao princípio, a sociedade molda as pessoas, pelo que as pessoas, por norma, são más, são seres asquerosos e desprezíveis. Assim, não será de admirar que alguém que foi nosso amigo durante décadas possa algum dia trair-nos. Deste medo acho que ninguém É meu amigo. Há pessoas que ESTÃO minhas amigas. A todo o momento a coisa pode mudar.
Deste modo, não valorizo muito a amizade. De tal modo que não concordo com a postura "um por todos, todos por um" dentro de um grupo de amigos. Acho que a justiça é que deve prevalecer. Se um amigo meu trair a namorada e se eu nem for amigo dela, nessa situação em concreto, defendo-a a ela e fico aborrecido com ele. Aliás, posso continuar a falar com esse tipo, mas deixo de considerá-lo amigo, porque quem trai um amor, também trai um amigo e é um filho da puta.
Assim, com os amigos, com os inimigos e com os desconhecidos a minha postura é sempre a mesma: em cada caso concreto, faço o que acho correcto e não o mais fácil ou melhor para mim. A justiça é que é o verdadeiro valor, a amizade é um instrumento.

28/8/05 17:31  
Blogger Márcia said...

Zé... bem... é que esperava esta resposta de toda a gente menos de ti. Achei que só ias criticar o meu tema. Só há um ponto que não concordo contigo mas que nem sequer interessa nada pois o essencial do teu comentário expressa fielmente uma convicção que há muito tinha.
O teu comentário é simplesmente lindo, profundo e, infelismente, terrivelmente realista.
Parabéns Zé.

28/8/05 20:55  
Blogger João Pedro said...

Eu tenho a mais profunda admiração pelas amizades. Não admito traições. Sei que tenho também um grande problema que tem a ver com a minha timidez: por vezes fico de tal modo inibido que não consigo intrevir de imediato para defender um amigo. É uma grande falha minha.

Tenho tb uma opinião bem particular em relação a amizades femininas, isto quando não namorava claro. Se a femêa for gira e boa :) e eu me der bem com ela acabo por me apaixonar.

Foi o que aconteceu ca minha faneca...

E pelos vistos não sou o único, porque ela tb passou a vida a pensar assim e considerava-me amigo e tal... mas no fim veio-se a ver e TAU! Sou o maior!

28/8/05 21:44  
Anonymous Anónimo said...

Antes de mais, o comentário do Saltimbanco está de uma sensibilidade e racionalidade que me deixou a pensar.
Sinceramente, e não querendo dizer que alguém esteja ou não errado, acho que tudo depende da nossa forma de pensar, do que vivemos e do que esperamos da vida. Por exemplo, eu não me considero uma pessoa sozinha. Os amigos não são incontáveis, são "pouco mas bons", pelo que estão ali quando precisam e fazem-me sempre sentir que alguém gosta de mim. E assim os amigos gostam uns dos outros, sem segundas intenções. Gostam porque encontramos em algum ponto intelectual, porque temos uma ou outra característica que o outro adora, porque simplesmente é bom estarmos juntos. Ou seja, não somos amigos só porque nos conhecemos num local em comum ou porque nos sentimos mais carentes nessa altura.
Se assim fosse, eu teria dezenas de amigos. E como agora me não me sinto carente, não iria fazer mais amigos nos tempos próximos. E eu espero fazer, porque é sempre bom.
Sim, com o tempo conhecemos novas pessoas e, talvez pelo fascínio de algo novo, somos levados a esquecer os amigos antigos. Isso acontece e é triste. Mas também acho que se um amigo de longa data nos marcou profundamente e gostamos mesmo dele, isso não se irá verificar.
Em relação às traições, bom, talvez não perdoasse. Afinal, quer no amor quer na amizade, trair é não nos preocuparmos com os sentimentos outro, levando-o a sofrer bastante. E isso é intolerável.
Há que acreditar sempre nos amigos. Eles são o que de mais estável temos.

29/8/05 16:05  
Blogger Márcia said...

Meus caros, eu não disse que só existiam estas amizades, aliás comecei por dizer porque é que os amigos não defendem os amigos ou não intervêem activamente. As pessoas são simplesmente passivas. Se alguém me fizer mal qual dos meus amigos vai deixar de falar para a pessoas que me fez mal (não estamos a falar de amigos comuns). Contudo, se fizerem mal à nossa familia sentimos como se fosse a nós. POrquê edta difernça de atitude se afinal o amigo é aquele que escolhemos para partilhamos as nossas intimidades.
A maioria das pessoas hoje em dia são passivas, ou seja, são "amigas" no dia à dia mas quando se tem de se mexer ou de lutar ou defender ficam pacificas. Eu conheço uma amizade, em que uma terceira pessoa estava a falar mal de uma pessoa A. A pessoa B, amiga da A, ouviu tudo e não contrariou porque não estava para se chatear pois já tinha a opinião formada e depois foi contar tudo a pessoa A. A pessoa A telefonou-me a chorar porque embora o amigo não tivesse feito nada de mal ela não percebia como é que o amigo com ela partilhava tudo não saiu em defesa dela. Nem sequer se sentiu... Sentiu-se traida. Embora tenha minimizado a coisa e tenha dito as coisas do costume "são feitios... se calhar tb não estava nos seus dias...", o que na realidade acho é que as pessoas são demasiado comodistas para ter atitudes destas. Porque para mim, os amigos são uma segunda familia escolhida por nós e posso falar bem á vontade porque até andar á porrada por uma amiga já andei...fora tudo aquilo que vocês sabem de mim. Agora acho que o que se passa é mesmo triste é uma realidade.
Quanto a ti Sara, tu já te aproveitaste e bem de um namorado teu só porque não tiveste a coragem de tomar uma decisão firme. Savias o que querias, sabias que mais tarde ou mais cedo era aquilo que ia acontecer e podias ter tomado a decisão uma vez sem voltar atras e em vez disso brincaste e ficaste agarrada a um sentimento que não mais do que carinho que fica, como é obvio, ao fim de muito tempo de namoro. E tu bem la no fundinho sabes disso. O que é certo é que acabaste quando foi mais propicio para ti.

29/8/05 18:04  
Blogger Márcia said...

Nuno,
quanti a ti nunca te vais ver livre de mim porque nós brincamos aos IRMAOS DO MAR

29/8/05 18:07  
Anonymous Anónimo said...

Sim Márcia, em parte tens razão. A culpa é sempre do maldito comodismo. Mas existe uma dúvida, "e se..?". Mas não acabei quando me foi mais propício. Apenas quando tive certezas. Porque é melhor acabar quando se tem certezas do que depois ficar a pensar "e se tivesse dado?". Aliás, isto por acordo de ambos.
Assim fiquei de consciência tranquila.

29/8/05 21:18  
Anonymous Anónimo said...

Puta que pariu a novelinha.
Vão mas é ao café e bebam uns copos.
É por isto que sou anti-blog.

30/8/05 15:42  
Blogger José Carlos Gomes said...

Podias ter assinado, ó bebedolas (isto é um elogio... claramente que sim).

30/8/05 16:26  
Blogger Márcia said...

querida sara,
não sei qual era a tua duvida depois de teres dito várias vezes que voces os dois eram muito diferentes, já para não falar no trio amoroso. Vá lá... dá o braço a torcer... tu foste muito má.

30/8/05 20:09  
Blogger Sara Morgado said...

Sim sim, Saltimbanco, uma pessoa defende as tuas ideias e depois é isto. Meu caro, Portugal (ainda é) um pais (mais ou menos) livre. Só faço uso do meu direito ;)

Márcia, minha estimada cunhada, para ti tenho-te a dizer: os menages foram e sempre serão uma das maiores invenções de todo o sempre.
E mais não digo.

(Sim, tenho noção de que me estou a meter numa grande embrulhada.)

31/8/05 20:21  
Blogger José Carlos Gomes said...

Ainda há gajas perfeitas: não se depilam, gostam de ménages... :)

1/9/05 00:06  
Blogger Márcia said...

Minha querida cunhada ÉS A MAIOR.
Vou seguir o teu exemplo e dar uma palavravinha ao teu irmão.
AO ANÓNIMO: que seja coerente, e uma vez que é anti-blog que deixe de ver o blog.

1/9/05 10:12  
Blogger José Carlos Gomes said...

Já estou a ver o João Pedro com o futuro garantido: a Márcia vai dar-lhe uma palavrinha. Parece que já estou a ver o sortudo a comer a namorada e a irmã simultaneamente...

Agora é que não escapo de ser preso por atentado ao pudor!

1/9/05 14:19  
Blogger Sara Morgado said...

Eheh! Afinal se não fosse a novelinha, isto não tinha tanta piada (e já vai nos 20 comentários, com este).
Bem, Chinaski, essa do meu irmão com a Márcia... huum... não sei bem. Não tenho problema nenhum com a Márcia, agora com o meu irmão... Ele tem uns pés nojentos.

Para falar das minha experiências, o meu irmão não poderia estar presente em tal blog, já que me disse que eu era uma porca, apenas por ter referido num comentário a palavra "menages". Acho que ele nunca vai perceber todo o potencial que guardo em mim.
Definitivamente, não vou ter nenhuma loucura sexual com ele.
Bem Saltimbanco, vou-te perdoar aquela das mãos no ar. Mas não me substimes mais ;)

1/9/05 20:52  
Blogger José Carlos Gomes said...

Sara, o teu irmão é um caso perdido. Porca por apreciar menages? Essa nem ao papa lembraria...

2/9/05 12:22  
Blogger Sara Morgado said...

É verdade! Eu ando a tentar educá-lo, mas não sei se consigo. Ajuda aí Chinaski ;)

2/9/05 20:48  
Blogger José Carlos Gomes said...

Prometo tentar. Continua também a tua labuta educacional, Sara.

3/9/05 03:25  
Blogger João Pedro said...

Puta que pariu a conversa. Eu não quero comer ninguém além da Márcia, nem quero que ela coma ninguém além de mim. Quanto à porca da minha irmã... ela é mesmo porca e mais nada. Mas eu vou reeducar esta gaja nestes pontos. Vai é ter que ser à base de porrada. Quanto à depilação... para vocês verem como ela é falsa... todas as semanas faz a merda da depilação. ...da-se

3/9/05 18:48  
Blogger Sara Morgado said...

.|.
Base da porrada? Querido irmãozinho, eu sou o que sou, mas és tu quem não alinha em menages ;)

5/9/05 16:13  
Blogger João Pedro said...

Não percebi o que quiseste dizer! Eu sou contra os menages por isso tens de levar porrada até partilhares da minha opinião. Tão simples quanto isto.

.|. também para ti.

5/9/05 19:59  

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